Medo de avião

Mais uma semana começa na Ilha. Céu nublado, tempo instável e temperaturas realtivamente elevadas para essa época do ano.
Ontem foi domingo de praia. Quer dizer, domingo de almoçar na casa do vô e da vó que fica na praia, por que com aquele friozinho não dava para ficar na areia curtindo um solzinho. O dia foi legal, a vó e eu conversamos um monte depois do almoço. Sabe aquela mania de ficar à mesa, só jogando conversa fora depois de comer? Fiz isso ontem. Resultado: A louça foi lavada às 4 horas da tarde. Mas valeu a pena, adoro esse hábito de fim de semana, aquela vidinha preguiçosa, sem hora para almoçar, sem hora para quase nada.
No fim do dia, resolvi tirar algumas fotos, aquele lugar é maravilhoso e ontem especialmente ele estava espetacular. Estava dourado, tudo estava dourado. O céu, o mar, as gaivotas, a ilha de Florianópolis ao fundo. Tudo incrivelmente dourado. O pôr-do-sol lá também foi divino.

Ontem por volta da 1 da madrugada acordei com barulho de avião. É engraçado como algumas coisas fazem-nos pensar. Aquele ruído fez isso comigo. Fiquei minutos, ali no escuro imaginando quem poderia estar dentro dele, quantos talvez estivessem sorrindo por ir embora e quantos pudessem estar chorando pelo mesmo motivo, quantos em terra ficaram com saudades e quantos na próxima parada mataram a sua de quem esta descendo daquele pássaro de aço. Foi ai que parei de pensar no que os outros poderiam sentir e reparei no que eu estava sentindo, no que se passava dentro de mim aquela hora da madrugada, e descobri que eu sou aquele que ficou em terra com saudades, não querendo deixar a pessoa ir mas com a consciência de que era preciso, com a saudade sufocando o peito, mas sabendo que daqui uns dias ela será curada. Com a tristeza da partida e com a esperança de alegria na chegada.

É tanta saudade que já nem cabe no peito.

Música? Mais uma vez, Marisa Monte