Às vezes eu odeio ser diferente, pensar diferente, agir diferente.
Odeio ser indiferente a diversas questões. Odeio pensar que é mais fácil e que quem complica são as pessoas.
Sabe outra coisa que odeio? Ser julgada. Odeio pessoas apontando o dedo e dizendo que estou errada, que deveria agir de forma diferente, que preciso mudar meus atos, gestos, roupas, cabelo.
Odeio me sentir horrível por algo que fiz, algo não tão horrível, não tão errado. Algo que se fosse comigo, seria perdoado, passado por cima.
Odeio ter que dar explicações. Odeio dizer o que fiz e porque fiz. Odeio dar satisfações. SIM, ODEIO.
Odeio me sentir um lixo, odeio sentir culpa velada. Odeio sentir culpa. Não me importo de pedir desculpa, acho que isso faz com que a gente cresça e amadureça.
Odeio fechar duas portas e abrir uma janela. Odeio não conseguir ultrapassar etapas. Odeio me sentir sozinha. Odeio ficar sozinha. Odeio não poder ligar e pedir conselho. Odeio não olhar nos olhos. Odeio sorrisos sem alma. Odeio aparências. Odeio ordens. Odeio charmes. Odeio cenas. Odeio exageros. Odeio não saber o que se passa. Odeio conversar que não acontecem. Odeio olhar para o lado, esperar uma pessoa e ver outra. Odeio perder pessoas. Odeio a ignorância do mundo. Odeio a minha ignorância. Odeio chorar. Odeio não ter quem seque as lágrimas e me diga que elas são idiotas. Odeio sentir que fui intrusa. Odeio ser intrusa. Odeio ficar a deriva. Odeio ficar de lado. Odeio estar no centro. Odeio não saber meu lugar no mundo. Odeio não ter um lugar no mundo. Odeio batalhar todo dia e não ver os frutos. Odeio tentar ser melhor. Odeio esperar que os outros melhorem. Odeio decepções.
Odeio o que me agonia, sufoca, tira o ar e o chão. Odeio não saber o que fazer, como e o que falar.
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