sexta-feira, 22 de abril de 2011

Torto


Existe na parede aos pés da minha cama um quadro de óleo sobre tela, nele há um anjo pintado. Esse quadro é a minha cisma. Todas as noite, assim que me deito preciso levantar para ajeita-lo, por mais alinhado que ele possa estar na parede, não há uma única noite, mesmo muito cansada, que eu não me levante e arrume a tela. É a minha mania de deixar tudo perfeito para mim, alinhado ao meu modo, no meu estilo. Fico pensando se não é esse o grande problema ou a fantástica solução: a perfeição que procuro em tudo e em todos, até em mim mesma. Obviamente tudo uma grandissíssima útopia. Afinal quem o é? Quem pode sê-lo? Quem pode exigi-lo de outro?
Impossível eu sei, mas atire a primeira pedra aquele que nunca sonhou, ou melhor, nunca errou. Já dei um grande passo assumindo a razão de algumas angústia, basta por em prática tudo o que penso e desejo. Mas o medo de estar errada novamente me pertuba a alma. A idéia de estar sendo ingrata me agonia. Chego a ter ataque cardia só de escrever sobre isso, imagina colocar tudo para fora, de um sopro só. Vou morrer nessa hora.
Procuro não pensar nos olhos que me olharão, na minha tristeza e indecisão. Queria ter outra idéia ou até mesmo outra oportunidade para ser diferente, para fazer tudo diferente. Queria ter o poder de apagar o que passou e acelerar o tempo para não sentir a dor da ferida se cicatrizando sozinha.
Tudo isso por causa de um quadro torto com um anjo.

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