quarta-feira, 24 de outubro de 2012


Não que não tenha sido bom para não ser lembrado. Não que não tenha feito importância na vida. Só é complicado, difícil e doloroso recordar. Se você não pode ter, porque cobiçar? Melhor deixar o pensamento se ocupar do cotidiano, do real, do que pode ser tocado, porque viver no passado não traz futuro a ninguém, só sofrimento. Algum dia, naturalmente, as lembranças voltaram, sem dor, sem mágoa. Será quando o coração estiver bem, cicatrizado e curado de tudo o que passou. 
Por enquanto, fica a amizade e nada mais. Conversas banais do cotidiano, sem nenhuma palavra sobre os dias que se passaram. Quando eles deixarem de ser dolorosos, a gente conversa de novo, dá risada do que passou e sente só nostalgia sem que os olhos fiquem marejados.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Tempo

Dias sem respirar, faltava paladar e tato. A visão turva e as orelhas ouvindo só o que queriam.
Por 4 segundos os pulmões tentaram lembrar como se abririam para deixar o ar entrar para sair alguma palavra.Fala-se banalidades.
E por ai vai: respira, respira, respira. Antes que o ar se esvaia. Santa felicidade. Até um golpe no estômago.
Cadê o ar? O mundo ta escuro e o rosto molhado. 5 segundos para passar o desespero, 10 para ver a alegria virar raivam. 5 minutos para reclamar e chorar todas as lágrimas. 1 minutos para se olhar no espelho e tomar a decisão necessária, 2 para calçar o tênis e mais 1 esperando o elevador. 60 minutos andando, pensando, imaginando cenas. Se vê sozinha, senta no fim do caminho e chora de novo. Os óculos a protegem do mundo. Soluça, funga, chora. Levanta e anda, ereta e firme. Esquece, decidida, esquece. As lágrimas secaram. Foram dias de quase luto, cansou. Que venham os próximos dias.
Respirar, respirar, respirar.

correção


Como não lembrar de nada? Cada música que toca, é um momento que vem a cabeça.
Hoje, como todo o ocorrido, vejo que nossos problemas e dores são ínfimas.
Mas isso não me faz sentir melhor. Pelo contrário, a vontade é estar junto. Somos mesquinhos quando desrespeitamos o próximo por alguma luxúria própria. 
Porque não aproveitar o carinho do outro, sem pensar em outros e em carinhos alheios?
A vida vai passando e mesmo que peçamos de joelhos e olhos marejados, o tempo não volta e você não poderá corrigir seus erros.
Não faça sofrer quem você gosta, por puro capricho ou falta de controle. Nem sempre as palavras ferem mais do que os atos.
Tome tento. Permaneça ao lado de quem gostas, sem delongas e orgulhos. 
Peça desculpas se necessário, um erro contado pode ser perdoado, o omitido vira um monstro atrás da cortina, descoberto pelos dedos que aparecem por baixo dela.

"não seja leviano com o coração dos outros, não ature gente de coração leviano"

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

a fim de que?


Não to a fim de estudar, de acordar cedo, de sair apresentável, de sorrir por obrigação, de agradecer por algo que não pedi, de concordar com tudo, de achar que conselhos devem ser seguidos, de não saber das coisas, de chorar, de auto-piedade, de pegar ônibus, de comer verduras, de olhar nos olhos e não ver a alma, de ouvir e não entender, de dizer sim quando o que quero é gritar não, de trancar minhas vontades, de  não ter o que quero na hora que quero, de ter o que não quero, de tentar ser perfeita, de ficar em casa, de sonhar acordada.

To a fim de praia, de mãos dadas, de cabeça leve e vida boa, de sol com banho de mar, de vinho com lua, de sair andando sem saber para onde ir, de festa até de madrugada, de ser feliz para sempre, de viajar sem data para voltar, de ser livre, de não dar satisfações a ninguém, de ser dona de mim, de ser de alguém, de ver filme com pipoca em baixo de um cobertor e junto de quem se gosta, de fazer o que tenho vontade na hora que quero, de falar sim quando quero dizer sim, de discordar quando não quero, de dizer o que sei, de saber a verdade seja ela qual for, de gostar de quem eu quiser, de fazer o que eu bem entender, de brigar quando achar necessário, de perdoar quando achar que devo, de levar em conta o que acho certo.
Pronto.

sem mais!


domingo, 14 de outubro de 2012

do avesso


Tão diferente, tão avesso, tão perfeito. Um frase fácil de entender, mais difícil de decorar. Quando parece que é feito para durar e quebra ao primeiro toque, como um vidro feito de açúcar. Doce que era. 
Do que adianta procurar respostas? Elas virão com o tempo.
Novamente para aprender. Quando você acha que tudo ficará perfeito, entrará nos eixos. O chão dá aquela sumida de debaixo dos seus pés.
Tudo tem o seu tempo. Tempestades passam, momentos bons passam. O que fica é o aprendizado e as lembranças. 
Na hora da raiva, um prato é atirado na parede. Depois do estouro, você olha ao redor e vê cacos por todos os lados. Como começar a recolhê-los? Porque pegar aquele prato? Porque jogá-lo na parede para descontar a raiva? Agora és tu quem terá de recolher os cacos, um a um e, cuidando para não cortar os dedos. 
Vontade louca de voltar no tempo, nem olhar para aquele prato. Não quero recolher cacos, de novo. Já bastam as cicatrizes que tenho nos dedos, cada uma conta a história de um caco recolhido e tenta me lembrar de não jogar pratos na parede em uma hora da raiva.
Tentarei me lembrar da próxima vez. Agora já vou ficar com vassoura e pá a postos, para o próximo prato que voar na parede.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

e agora?


Algumas coisas acontecem sem ter um porque visível aos olhos. Apenas acontecem. Diversas dessas lhe fazem um bem tão imenso, que limpam sua alma, dão uma polidinha no ego e uma inflada na esperança. Outras, servem para que coloques os pés no chão e se mantenha acordado para o mundo.
Mas só uma afirmativa é verdadeira: tudo passa! 
Os momentos bons, lindos e doces: esses passam. Os tempos de tempestades, choros e brigas, passam também.
E quando esses pensamentos me vem a mente, fico matutando os porquês da vida. Porque brigar? Porque sofrer? Porque, porque, porque? Já temos tanto para nos incomodar. Tantas coisas para fazer darem certo, é o dia que tem poucas horas, a faculdade para acabar, a barriga que cresceu um pouquinho, um probleminha na família, um gasto a mais para um salário a menos. Fora tudo o mais que atordoa a humanidade: a guerra no Oriente Médio, a fome, a desigualdade... quem nunca se pegou pensando nesses problemas "mundanos" e querendo resolvê-los todos? Atire a primeira pedra!
Tudo vai se resolver, eu esquentando a cabeça ou não. Claro que não vou conseguir ficar de bracinhos cruzados, esperando tudo se resolver. Quem seria eu se fizesse isso né!?
Mas minha gastrite já anda bastante ocupada com os compromissos do dia-a-dia. O resto, fica pra depois. Primeiro eu!